Nossas joias são confeccionadas de forma artesanal, fio por fio. As fotografias da loja online são ilustrativas, pois são peças únicas e a cor pode ter alteração de tom devido a coloração natural dos fios contidos na mecha, da luz da fotografia, ou até mesmo devido à tela do seu dispositivo.

Os fios de crina que utilizamos para criaçãos das joias, são resíduos da criação de cavalos da raça Crioula da família da designer. Os cavalos Crioulos são nativos do bioma Pampa do Rio Grande do Sul/Brasil. E tem sua formação entrelaçada com a do povo gaúcho. Como em qualquer território, a relação cavalo/ser humano, a cultura e seus costumes, foram moldados pelo ambiente que viviam e vivem até os dias de hoje. Como por exemplo, o processo de tosquia das crinas, um cosutme que se criou devido aos fortes ventos presentes nesta região, que emaranham os fios. E principalmente devido a vegetação presente no bioma Pampa, como o "Carrapicho", que propaga suas sementes através de espinhos que enrolam nos fios de tal forma que, se não removidos, podem acarretar lesões na pele. Portanto, a tosquia dos cavalos tem o objetivo de cuidado e bem estar dos animais, assim como a tosquia das ovelhas. Esta atividade gera um "resíduo" (os fios de crina) que coletamos e beneficiamos para produção das peças.

A lã que utilizamos nas joias, tem origem da criação de ovinos da raça Texel presente na fazenda da família da deisnger. Esta raça de ovelha é predominante na região da Costa Doce do Rio Grande do Sul (criação de subsistência) e possui uma lã considerada de média/baixa qualidade. Com a aentrada de materiais sintéticos no mercado, esta matéria-prima foi desvalorizada, inviabilizando seu comércio e tornando-a um resíduo. Fazendo com que o conhecimento do beneficiamento se perdesse nos tempos.

Incluir esta fibra em nossas joias, além de valorizá-la como um material nobre que hoje é visto como um problema, é uma forma de resgatar saberes do fazer manual ancestral de cuidados com a lã, de fortalecer este importante elo que se rompeu na rede econômica que envolve esta atividade rural, gerar fonte de renda "alternativa" e tambpem valorizar a mão de obra feminina do campo.

As sementes que estão presentes em nossas coleções, tem origem na propriedade do casal de agricultores famíliares Sereni e Jolar Almeida, que possuem certificado florestal de extrativismo sustentável dos produtos da palmeira Butiá Odorata. Nosso ateliê se localiza em Tapes, Costa Doce do Rio Grande do Sul, no bioma Pampa e aqui se encontra a maior floresta de Butiazal do nosso país. Um ecossistema único, que acolhe imensa diversidade de animais e plantas. Acreditamos que agregar em nossa produção as sementes que não são utilizadas para mudas e são resíduos desta atividade, é uma forma de divulgar esse território, gerar uma fonte alternativa de economia para o campo, valorizar e incentivar de forma muito singela estes produtores a preservar esta floresta.

As crinas utilizadas são coletadas durante a tosquia de equinos no período da primavera ao verão, em uma *cabanha em Tapes/RS.  A tosquia é feita com supervisão de médica veterinária e assistência técnica da Emater/RS ASCAR. É um procedimento semelhante a tosquia de lã das ovelhas, mas se retira somente o excesso de crinas, para facilitar a reprodução, não enrolar nas patas, não emaranhar gravetos e espinhos que criam grandes nós que podem acarretar lesões na pele dos animais.

É uma atividade comum em cabanhas, mas as crinas são completamente descartadas, portanto se trabalha com a ressignificação de um resíduo e agrega valor aos recursos propriedade. Após a coleta, as crinas são higienizadas, tratadas e selecionadas. E enviadas para o ateliê onde são selecionadas fio a fio e por cor, para iniciar a criação, desenvolvimento e montagem artesanal das peças com outros materiais. 

   * A cabanha onde é coletada as crinas de propriedade da família da designer. Inicialmente somente essas crinas eram utilizadas, agregando valor a criação dos cavalos. Criando outras fontes econômicas para a fazenda.